Dezenas de CEOs retomaram uma série de discussões iniciadas em maio para criar um plano de longo prazo de desenvolvimento sustentável para o país. O prazo dos executivos para finalizar o projeto é junho de 2012, quando pretendem entregá-lo à presidente Dilma Rousseff durante a Rio+20, (conferência sobre desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas, marcada para junho de 2012). A iniciativa é organizada por uma instituição do setor privado, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS, braço do conselho mundial, o WBCDS), porém com vistas a conquistar a adesão do governo para ações em várias frentes.
Este trabalho tem um histórico. No ano passado, o WBCDS publicou um documento chamado “Visão 2050”, que estabeleceu metas globais de curto, médio e longo prazo para nove áreas: valores das pessoas, desenvolvimento humano, economia, agricultura, florestas, energia e eletricidade, edifícios, mobilidade e materiais. Como a realidade varia de uma nação para outra, o Visão 2050 passou a ser adaptado por diversos países e o CEBDS se encarregou da tarefa aqui no Brasil.
A presidente do CEBDS, Marina Grossi, disse que falta ao Brasil um plano de desenvolvimento sustentável de longo prazo, para 2030 e 2050. “Em qualquer evento, a China e os Estados Unidos sabem dizer quais metas querem alcançar em dado prazo. Nós, não”. Sobram tarefas tanto para o governo como para as empresas. Mas a entidade enxerga o potencial do governo, por um lado, para dar escala a iniciativas privadas bem sucedidas e das companhias, por outro, de ampliar suas metas relativas a uma atuação sustentável. Veja abaixo alguns pontos a serem trabalhados por ambas as partes.
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VALORES DAS PESSOAS: É preciso conhecer melhor o que a ascendente classe C leva em conta na hora de comprar. Já o governo, como consumidor de grande impacto na economia nacional que é, deve rever seus critérios de compras, considerando as políticas de sustentabilidade de possíveis fornecedores.
DESENVOLVIMENTO HUMANO: Até 2030, a universalização do saneamento básico é factível, segundo Marina. O uso da água também é debatido nesta área. Já existem novas tecnologias de reuso e tratamento de água suja que poderiam ser compartilhadas com o setor público pelas empresas. A utilização de água potável para atividades em que este nível de tratamento é dispensável precisa ser revista.
ECONOMIA: Bancos públicos e privados poderão criar modelos de financiamento de longo prazo especiais para empreendimentos sustentáveis. Discute-se rever a forma como são calculados os preços dos produtos e incluir na conta o prejuízo dos impactos ambientais.
AGRICULTURA: Algumas empresas já têm modelos de recuperação de áreas mineradas e de nascentes. Têm-se cogitado também a difusão de novas técnicas agrícolas que diminuam drasticamente o uso de agrotóxicos. A maior qualificação dos produtores rurais e o aumento da produção agrícola sem abertura de novas áreas é outro ponto importante.
BIODIVERSIDADE (termo adotado no Brasil para o tema FLORESTAS): Iniciativas empresariais em execução, como a repartição dos benefícios gerados por produtos criados a partir da biodiversidade ou do conhecimento tradicional, poderiam ser melhor regulamentadas e ampliadas. Na pauta, está ainda a implementação de mecanismos que dêem aos produtos do extrativismo um valor maior.
ENERGIA: Uma das sugestões nesta área é a de que o governo passe a computar as emissões de carbono de uma empresa nas compras e licitações. Medidas simples como a definição de um selo de classificação das emissões – semelhante ao colocado em eletrodomésticos, que mostra a eficiência energética do aparelho – estão em avaliação. Outro ponto em debate é a necessidade da criação de um mercado global de créditos de carbono.
EDIFÍCIOS: Os setores público e privado poderiam adotar em maior escala novos processos de construção sustentável. Já existem ações isoladas. A Caixa Econômica Federal determinou que suas novas agências devem adotar ao menos quatro itens de tecnologias mais sustentáveis. Existem versões mais “verdes” de cimento e de lâmpadas. O que falta é integração da cadeia da construção civil.
MOBILDADE: Transporte urbano, obras de infraestrutura e o tipo de energia utilizada nos diversos meios de locomoção devem ser trabalhados de forma holística. Normas mais claras para os biocombustíveis, investimentos em infraestrutura com materiais e tecnologias de menor impacto ambiental e soluções urbanísticas inteligentes para a mobilidade urbana estão entre as metas do Visão 2050 para o Brasil.
CONSUMO E INSUMOS: Nesta mesa, existem propostas para desenvolver novos negócios baseados na reciclagem do lixo e para reelaborar produtos e serviços tendo como premissa torná-los mais sustentáveis. Na área, assim como na de mobilidade, os consumidores deverão ser envolvidos e esclarecidos.
Fonte: Blog Empresa Verde