Você já ouviu falar do termo “hoarder“? A palavra não tem tradução direta em português, mas seu sentido não tem fronteiras: alguém que não consegue se desfazer de nada, nem das coisas mais inúteis. A definição geralmente se aplica a objetos como roupas e bugigangas, mas agora está sendo usada também para arquivos digitais, que são menos visíveis que itens físicos.
Segundo artigo do The Wall Street Journal, a tralha digital não atrai ratos nem atrapalha as pessoas que andam pela casa, mas é mais insidiosa porque ninguém vai insistir para que você procure ajuda. A proliferação de dispositivos, a explosão de informação e a abundância de meios de armazenagem baratos vêm tornando tentador demais para algumas pessoas acumular mais emails, mensagens de texto, vídeos e até programas de televisão do que elas jamais poderão usar ou manter organizados.
Segundo especialistas, acúmulo digital é um problema enorme. Há tantos meios de armazenagem disponíveis, nós não temos mais que tomar decisões. De acordo com neuropsicólogos do Estado de Massachusetts, especializados em distúrbios de atenção, o problema não é que isso torna o seu computador lento — isso torna o seu cérebro lento, já que cada uma dessas fotos, links e pastas de arquivos demandam alguma energia mental.
A compulsão por acumular coisas é oficialmente considerada uma forma de transtorno obsessivo-compulsivo, mas alguns “hoarders” também sofrem de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Alguns são perfeccionistas obstinados que não sabem quando parar de pesquisar e coletar. E o pior: a desorganização digital pode também criar atritos entre colegas de trabalho e membros da família que compartilham aparelhos, espaço de armazenagem ou arquivos.
Empresas de tecnologia oferecem uma gama de soluções para esses problemas, incluindo ferramentas para armazenar, arquivar, marcar e encontrar as coisas no mais desorganizado dos computadores. E há uma tendência crescente de guardar material digital na nuvem em vez de em discos rígidos. Mas, por mais úteis que sejam esses programas, organizadores profissionais alertam que simplesmente acrescentar mais armazenagem elimina todo o incentivo para deletar e priorizar. Às vezes, o que mais precisa de organização é a maneira de pensar do “hoarder“. “É importante não somente se preocupar com as coisas, mas também se preocupar com o por que desse comportamento estar ocorrendo.