Já é uma informação banal a de que o trabalho feito pelas mulheres não é tão valorizado quanto o feito pelos homens. A média anual de remuneração delas permanece 20% abaixo, segundo um artigo publicado no Estado de S. Paulo. Segundo ele, um estudo acadêmico recente ajuda a explicar a persistência da diferença de pagamento, apesar de fatores que há tempos eram considerados culpados haverem desaparecido: as mulheres hoje têm mais anos de escolaridade, quase tanta experiência e as mesmas possibilidades de perseguir uma carreira com altos salários.
O novo estudo, realizado por pesquisadores da Universidade Cornell, descobriu que a diferença entre as carreiras e as indústrias em que os homens e as mulheres trabalham se tornou recentemente a maior causa única da discrepância salarial entre os gêneros, sendo responsável por mais da metade dela. Quando as mulheres entram em algum campo em grandes números, o pagamento diminui – pelo mesmo trabalho que antes mais homens faziam.
Considere as discrepâncias em empregos que requerem educação formal e responsabilidade parecidas, ou habilidades, mas dividido por gênero. As remunerações médias para gerentes de tecnologia da informação (que na maioria são homens) são 27% mais altas do que para os gerentes de recursos humanos (em que a maioria é de mulheres), de acordo com dados do Escritório de Estatísticas do Trabalho. Na outa ponta do espectro salarial, encarregados da limpeza (normalmente homens) ganham 22% a mais do que empregadas e faxineiras domésticas (em geral mulheres).
Quando as mulheres começam a entrar em um trabalho, ele passa a não parecer mais tão importante para os resultados ou a requerer tanta habilidade, como explica Paula England, professora de Sociologia da Universidade Nova York. Para ela, o preconceito baseado em gênero está nessas decisões. A especialista é coautora de um dos mais abrangentes estudos sobre esse fenômeno, que usa dados do censo americano de 1950 a 2000, quando a parcela de mulheres aumentou em muitos campos. O estudo, que conduziu com estudiosos da da Universidade de Haifa, em Israel, e da Universidade da Pensilvânia, descobriu que, quando as mulheres entraram em algumas áreas em grandes números, essas carreiras começaram a pagar menos, mesmo depois de descontadas a educação, a experiência no emprego, as habilidades, a raça e a geografia.
Um exemplo flagrante pode ser encontrado no campo da recreação. Trabalhar em parques ou acampamentos importantes, em vagas que eram predominantemente masculinas e se tornaram femininas de 1950 a 2000. Os salários médios por hora nesse setor diminuíram 57%, contabilizando a mudança no valor do dólar. A mesma coisa aconteceu quando as mulheres se tornaram designers (os pagamentos caíram 34 %) em grandes números, e biólogas (diminuição de 18 % no salário). O oposto também foi verdade quando um trabalho atraiu mais homens. Programação de computadores, por exemplo, costumava ser um trabalho relativamente insignificante feito por mulheres. Mas, quando os programadores começaram a superar as mulheres nas vagas, o setor passou a pagar mais e ganhou prestígio.
Apesar de a diferença vir diminuindo, continua grande. No geral, em setores em que os homens são a maioria a média de pagamento é de 962 por semana dólares, 21% mais alta do que em ocupações em que a maioria é de trabalhadoras.
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