“Errar é humano”, diz o ditado popular. “E mais humano ainda é pôr a culpa em outra pessoa”, reza o complemento politicamente incorreto agregado jocosamente ao antigo provérbio. Mas a realidade não é assim. Errar é humano realmente; admitir o erro pode ser considerado uma grande virtude. E pôr a culpa em um colega ou mentir para se esquivar da punição é outro erro, grave e dificilmente perdoável. No entanto, apesar da noção socialmente aceita de que a admissão de equívocos é um valor positivo, no mercado de trabalho ocorre o temor de que tal atitude resulte em demissão sumária e, pior ainda, reflita de forma prejudicial na carreira. Há ainda a dificuldade da pessoa em lidar com o golpe na autoestima que significa dizer “É, pessoal, errei”.
O presidente do Instituto Avançado de Desenvolvimento Intelectual (Insandi), Dieter Kelber, destaca que admitir um erro significa ter postura de humildade e acredita que se o erro não for grave, dificilmente a pessoa corre o risco de ser demitida. “É importante reconhecer suas fraquezas e é preciso ter disposição para aprender com os erros”, comenta. Mas, em relação à alternativa de atribuir um erro a um colega, ele alerta: “Mentir é uma maneira imperdoável de lidar com as relações no ambiente profissional”.
Para a psicóloga Meiry Kamia, a atitude de admitir a falha faz com que a pessoa reflita sobre ela, sobre os fatores que resultaram no seu engano e busque formas de tentar não repeti-la em outras ocasiões. A especialista acrescenta, ainda, que muitas vezes os profissionais jovens chegam ao mercado de trabalho com comportamentos próprios da adolescência. Segundo ela, eles querem abraçar o mundo, tentar chegar ao topo o mais rápido possível e muitos, embora sejam ainda recém-formados, se apresentam cheios de pompa e circunstância.
Fonte: Canal RH