Na última semana, em meio a homenagens pelo Dia Internacional da Mulher, muitas notícias e estudos foram divulgados, traçando um retrato real da participação feminina no mercado de trabalho. Após tantos anos, o panorama permanece longe da igualdade que todos almejamos. Em uma pesquisa divulgada pelo Estado de S. Paulo, por exemplo, executivas disseram concordar que o mercado de trabalho não lida com as mulheres da mesma forma que lida com os homens.
Segundo o levantamento, 77% das entrevistadas têm a percepção de que a quantidade de homens e mulheres nas lideranças das empresas onde trabalham não é equilibrada; 75% dizem que a remuneração é desigual; 59% acreditam que as mulheres precisam estudar mais do que os homens para atingir o mesmo nível de desenvolvimento na carreira e 64% declaram que o esforço para atingir cargos de liderança também não é equivalente. Foram entrevistadas 146 mulheres executivas, das quais 73% têm pós-graduação.
Profissionais de Recursos Humanos e acadêmicos defendem que o primeiro passo para diminuir a desigualdade no ambiente de trabalho é a identificação, por parte da empresa, de que o problema é uma realidade. Para eles, se não há nenhuma mulher em cargo de chefia, a empresa deve se perguntar quais valores estão sendo atribuídos para promover os funcionários e se os homens são exigidos tanto quanto as mulheres. Especialistas avaliam que pessoas em alta liderança querem se rodear de quem se parece com elas. Ou seja, a tendência é que, mesmo sem perceber, homens valorizem outros homens na hora da promoção.
Outras pesquisas também mostraram que a desigualdade de gênero pode influenciar no nível de contentamento com o trabalho. Um estudo sobre felicidade e profissão feito em março com 5200 pessoas, divulgado pela Você RH, mostra que apenas 39% das mulheres estão felizes com a profissão, e 26% dessas mesmas mulheres estão satisfeitas com a renda mensal. Por outro lado, quase a metade (49%) dos homens entrevistados disseram estarem felizes com o trabalho, e 33% estão satisfeitos com a renda.
Essa desigualdade de descontentamento pode ser explicada por outros dados também presentes na pesquisa, como o fato de que, enquanto 27,4% dos homens estão em posições de gerência e são responsáveis por equipes, apenas 21,2% das mulheres ocupam os mesmos cargos. Outro fator que corrobora isso é a diferença salarial entre os gêneros, que pode chegar a até 39%: homens diretores recebem, em média, por exemplo, 8656 reais mensais, já as mulheres ganham 6206 reais.
Para 79% das executivas, a solução passa por programas de educação formal voltados à mulher, que podem ser ferramentas importantes no desenvolvimento da carreira. São os cursos de liderança feminina, por exemplo, oferecidos pela própria empresa ou em escolas especializadas. Grupos como esses ajudariam as mulheres a criarem estratégias, caso se sintam discriminadas e fazem com elas repensem as diversas formas de liderança.
Sobre a disparidade salarial, ela começa, por exemplo, na hora da seleção para um cargo de gerência. A empresa recebe currículos de homens e mulheres e, depois de escolher a candidata, a proposta salarial é feita olhando o quanto ela ganhava no trabalho anterior. Se a mulher ganhava menos no antigo trabalho, a desigualdade continua no novo. A sugestão é que as mulheres negociem mais seus salários, já que muitas vezes elas barganham menos do que os homens.
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