Não é só o Brasil que sente os efeitos da falta de mão de obra qualificada em setores estratégicos e a dificuldade de atrair os mais jovens para o mercado de trabalho. Estes também são alguns dos principais desafios enfrentados por países sul- americanos como Chile, Uruguai e Argentina. As similaridades com o Brasil e o que é possível aprender com a experiência dos membros e associado do Mercosul foram tema, em agosto, de um fórum no 39° Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas (Conarh), em São Paulo, com a participação dos presidentes de organizações de profissionais de Recursos Humanos.
Todos esses países apresentaram, nos últimos anos, crescimento econômico que esbarrou na pouca oferta de profissionais, que não foram formados com a mesma velocidade da demanda das empresas. No Uruguai, onde a taxa de desemprego é de cerca de 6%, a maior procura é por profissionais das áreas de engenharia, tecnologia, construção civil e atendimento ao cliente. No Chile, também faltam engenheiros e técnicos, além de trabalhadores para a área de mineração, que recebeu investimentos pesados.
Imagem: internet
Na Argentina, que na última década precisou se recuperar de uma recessão, a economia se voltou para a exportação de commodities como trigo e soja. Desse modo, setores que hoje apresentam crescimento, como hotelaria, serviços e construção civil, não formaram profissionais suficientes para atender às demandas atuais. Segundo especialistas do país, a mão de obra desviou para outros segmentos e, em alguns casos, foi preciso trazer aposentados de volta ao mercado ou importar profissionais de países como o Brasil.
Parte da solução veio dos sindicatos, que fizeram parcerias com as empresas para criar escolas profissionalizantes. No caso da construção civil, por exemplo, foram criados mais de 30 centros espalhados pelo país, número significativo, mas ainda insuficiente. Outro problema que afeta a Argentina é a alta rotatividade de executivos e a fuga desses profissionais para o exterior durante a crise, o que obrigou as companhias a acelerarem a formação de seus gerentes médios.
No Chile, o principal desafio é cultural. Para os gestores de lá, o país precisa atuar com força para receber profissionais estrangeiros e atrair mais chilenos para o mercado de trabalho – a participação de mulheres e jovens, por exemplo, é significativamente menor do que em outros países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), da qual o Chile é membro. O tema está no centro das discussões entre candidatos na eleição presidencial de novembro deste ano.
Fonte: Senai