Felicidade no trabalho a todo custo

A felicidade no trabalho está acima de tudo, certo? Por mais que o nível de satisfação dos funcionários seja cada vez mais usada como uma ferramenta para aumentar a produtividade, alguns especialistas estão mais cautelosos em relação a esta ideia, que ganhou força no mundo corporativo nos últimos tempos.

Algumas atividades criadas nas empresas para promover o bem estar a qualquer custo dos profissionais, por exemplo, podem até parecer divertidas, mas elas são levadas muito a sério pelas áreas de Recursos Humanos. Segundo um artigo publicado na Harvard Business Review (HBR), é real que funcionários mais felizes têm menos chances de ir embora e produzem mais, mas existem estudos que mostram também que algumas noções que criamos sobre felicidade são apenas mitos.

A exigência de estar sempre em busca deste sentimento pode ser um fardo, um objetivo que muita gente não sente realizar. Quando a felicidade se torna uma obrigação, ela pode fazer as pessoas mais infelizes caso não sintam que chegaram lá. Confira algumas evidências citadas pela HBR que vão contra esta “obsessão pela felicidade”:

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Evidência 1 – Todo mundo concorda que funcionários que lidam direto com os consumidores precisam estar de bom humor (ou ao menos fingir que estão), mas o que se vê no mercado de trabalho é que muitos profissionais que não lidam com clientes também estão sendo “obrigados” a agir assim. E isso nem sempre é bom. Um estudo descobriu que as pessoas que estavam mais bem humoradas tiveram mais dificuldade de encontrar fraudes. Outro mostrou que pessoas que estavam bravas durante uma negociação conseguiram fechar negócios melhores.

Evidência 2 – Um estudo feito em uma empresa de mídia descobriu que os funcionários que esperavam que seu trabalho fosse lhes fazer feliz geralmente eram mais carentes. Eles queriam que seus chefes fossem uma fonte de reconhecimento e algo como um porto seguro emocional. Se isso não acontecia, eles se sentiam rejeitados. Esperar que o chefe traga felicidade nos torna emocionalmente vulneráveis.

Evidência 3 – Sociólogos notaram um estranho efeito em pessoas que tentaram viver o trabalho com mais emoção. Elas passaram a tratar suas vidas privadas como tarefas de trabalho, aplicando as mesmas técnicas que haviam aprendido no escritório.

Evidência 4 – Se a expectativa em relação ao ambiente de trabalho é que ele traga felicidade e significado para a vida, você fica perigosamente dependente. Foi constatado que pessoas que viam o trabalho como uma fonte importante de sentido em suas vidas ficaram, obviamente, mais frustradas com uma demissão. Elas não estavam perdendo só o emprego, mas a promessa de felicidade.
Evidência 5 – Voluntários de uma pesquisa receberam bilhetes da loteria e podiam escolher quantos queriam manter e quantos queriam dar para outras pessoas. Os participantes que estava de bom humor acabaram ficando com mais bilhetes – o que sugere que mais feliz não é igual a mais generoso. A felicidade pode te tornar mais egoísta.

Por que, então, as empresas se prendem à ideia de felicidade no trabalho com tanta força? A resposta, segundo a HBR, pode ser que felicidade é um conceito muito atraente. Além disso, essa ideia pode mascarar problemas mais sérios no trabalho. Quando se assume que funcionários felizes são funcionários melhores, é mais fácil minimizar outras questões. Sendo assim, a conclusão do artigo aponta que, quanto menos procurarmos a felicidade em nossos trabalhos, mais chance de vivenciar uma sensação de alegria – espontânea e prazerosa, não construída e opressiva.
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