Divisão de tarefas e suas consequências

A vida de casais que trabalham fora não é como antigamente, mas nem por isso a divisão dos serviços domésticos mudou muito. Um estudo recente coordenado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que as mulheres ainda se dedicam às tarefas domésticas muito mais do que os homens. De acordo com o levantamento, elas trabalham cinco horas a mais por semana, levando em consideração esta dupla jornada, totalizando 56,3 horas. Deste tempo, 35,5 horas são dedicadas ao mundo profissional, enquanto 21,2 vão para afazeres domésticos. Entre os homens, a carga de trabalho semanal é de 51,3 horas: 41,6 horas dedicadas a atividades remuneradas e 10 horas ao apoio doméstico.

Constatou-se que a quantidade de horas que os homens destinam ao trabalho doméstico praticamente não se alterou na última década, se mantendo ao redor de dez horas. O que realmente se modificou foi o número de homens ocupados que realizam também afazeres domésticos. Esse índice subiu de 46,1%, para 51,3%. Mas ainda assim ele é significativamente menor do que o observado entre as mulheres, que continuam a fazer dupla jornada. Entre elas, 90,7% acumulam atividades no mundo das empresas e  demandas domésticas e familiares.

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Um dos efeitos mais significativos desses números é o aumento de mulheres que optaram por não ter filhos, causando uma sensível redução dos índices de natalidade no Brasil. Também considerando um período de dez anos, o número de mulheres que optaram por não assumir o papel materno passou de 36,6% para 38,6%. As crianças até quatro anos de idade, que em 2004 representavam 8,2% da população, hoje são 6,6% dos habitantes do país e, neste mesmo período, a população com idade acima de 60 anos aumentou 4 pontos percentuais, atingindo 13,7% da população total.

Segundo análise do Valor Econômico, que publicou sobre o estudo, um dos pontos que vai exigir  muito mais diálogo dos casais com filhos e em que ambos trabalham como empregados é uma revisão dos seus papéis e responsabilidades, convencionalmente aceitas até agora. Em especial quando se considera que atualmente ambos aportam financeiramente para a manutenção do orçamento doméstico. Além disso, o acréscimo do número de casais que decidem não ter filhos, quando confrontado com o aumento dos índices de longevidade da população, nos permite prever que o número de contribuintes ativos que deverão cobrir os custos da previdência vai diminuir sensivelmente em um futuro não muito distante.

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